O ator Luis Miguel Cintra, que esteve no Instituto Multimédia, há anos, deu uma longa entrevista ao semanário Expresso (revista, 30.04.21) em que fala do cineasta Manoel de Oliveira.
Foi precisamente para ler um texto de Manoel de Oliveira – O Cinema e o Capital – que o ator veio ao estúdio do Instituto. Tratava-se de um texto ‘esquecido’ a que Luiz Miguel Cintra deu voz.
E o resultado, em DVD, foi pouco depois oferecido ao cineasta, numa sessão de homenagem realizada no Teatro Rivoli.
Nesta entrevista ao Expresso, Luis Miguel Cintra fala da importância que o Cineasta teve na sua vida profissional.
E conta uma ‘malandrice’:
(Manoel de Oliveira) Era muito malandro. Dou-lhe um exemplo. Nas filmagens de “Convento”, havia um ambiente de cortar à faca. Eu estava furioso porque me tinha obrigado a pintar o cabelo de preto. O (John) Malkovich e a (Catherine) Deneuve não percebiam nada do que estavam a fazer. Na cena da gruta, em que eu dava uma gargalhada ao pé de Deneuve, Manoel de Oliveira aproxima-se e diz-me: “Faça uma daquelas gargalhadas ao ouvido dela, para se assustar”. Fiz isso e, assim, conseguiu-se o efeito pretendido. Ele seria capaz de fazer aquela brincadeira de pegar numa mola de roupa e pendurá-la no casaco de uma senhora sem ela dar por isso….